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Foto do escritorKarina Soares

Da Maison Verte ao Ninho – Parentalidade entre Dolto e Winnicott¹

“... fortaleçam a confiança da mãe em si mesma e em sua capacidade de perceber o seu bebê...”

D.W. Winnicott²


Françoise Dolto (1808-1888) foi uma das primeiras psicanalistas na França a se interessar, já nos anos 30, pelo trabalho com bebês e crianças. Ela se dirigia a eles entendendo que seus estados psicossomáticos eram respostas a uma vivência familiar, escutando o inconsciente e se posicionando num exercício de limpar as fortes implicações que o discurso psiquiátrico despejava sobre eles. Neste contexto, ela também conversava com os pais e se dirigia com frequência a outros profissionais da infância. Segundo Ledoux (1991), em pouco tempo a intervenção precoce, a origem das neuroses infantis e as inter-relações inconscientes na família passaram a guiar Françoise Dolto em sua prática clínica. Em janeiro de 1979, juntamente com outros colegas psicanalistas, Dolto cria em Paris a Maison Verte – dispositivo de acolhimento em psicanálise para pais e bebês e/ou crianças de 0 a 3 anos.


Nos anos de 2004 e 2005 tive a experiência de acolher pais e bebês em uma instituição desse tipo – a Maison Ouverte³ – época essa que considero como marco inaugural no meu percurso e na minha dedicação à clínica da parentalidade e da intervenção precoce. Nessa rica experiência como acolhedora⁴ percebi que o processo ali desenvolvido é tecido no dia a dia e pode, a princípio, se assemelhar a um trabalho “simples” quando, na verdade, é bastante sofisticado. Através de eventos cotidianos vivenciados e/ou trazidos pelas mães, uma “fala verdadeira” é dirigida ao bebê retomando frases ditas pelos pais, mas que, até então, não haviam sido endereçadas aos seus filhos. (Dolto, 1985, p. 401). Essas intervenções pontuais – sem direcionamento terapêutico, médico e muito menos educativo – tem o intuito de apaziguar angústias maternas vividas diante das dificuldades cotidianas na relação mãe e filho.


Uma escuta psicanalítica sem interpretações traz para este trabalho um diferencial das demais instituições de acolhimento. Segundo Dolto, nestes contextos, a escuta psicanalítica pode operar identificando repetições de padrões inconscientes no discurso dos pais em relação aos filhos, além de dar ao bebê ou à criança um lugar de sujeito da sua própria história. Os “acolhedores” – nome dado aos profissionais de diversas formações, tais como: psicólogos, educadores, entre outros que fazem a permanência na Maison Verte – não fazem nenhum tratamento ou observação formal, mas estão ali, disponíveis à escuta, e se dirigem aos pequenos diante de seus pais. Abro aqui um pequeno parênteses para ressaltar o quão desafiador é construir essa posição de escuta do acolhedor nesse tipo de trabalho e, ao mesmo tempo, controlar nosso “furor curandis” de intervir e analisar.


Em seu livro “La Cause des Enfants”⁵, Dolto descreve a Maison Verte como “um lugar de encontro e de diversão para todos os pequenos e seus pais. Para uma vida social desde o nascimento. Para os pais que, muitas vezes, se sentem isolados diante das dificuldades cotidianas que eles encontram com os filhos.” (1985, p.403). Sem agendamento prévio e de forma anônima – pede-se somente o primeiro nome da criança e sua idade – pais e filhos ficam o tempo que quiserem ou puderem durante o horário de funcionamento que, no nosso caso, era das 14 às 18h, três vezes por semana. Cada abertura era assegurada pela presença de uma equipe de três acolhedores – na qual uma figura masculina é desejável – assim como a presença de, pelo menos, um dos acolhedores com formação psicanalítica.


Mães e filhos dividiam sua permanência ali de formas variadas. Enquanto os pequenos brincavam, as mães ora observavam, ora conversavam umas com as outras ou com um dos acolhedores que lá se encontravam. Em meio à espontaneidade que se desenrolava durante aquelas tardes, o duo mãe-bebê ia “sendo preparado” de forma gradativa – como dizia Dolto – para a separação que viriam a sofrer mais tarde quando a mãe retornasse ao trabalho. A autora apostava na potência desse trabalho como preventivo em relação aos distúrbios que podem surgir nessa fase em que acontecem as primeiras separações. Ajudar pais e filhos a se separarem com segurança afetiva é, inclusive, um dos pilares do trabalho da Maison Verte.


Alguns anos depois da minha estadia nesta instituição francesa de acolhimento, conheci na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, o Programa Ninho para gestantes. O projeto se propunha a acompanhar semanalmente, durante 03 meses, um grupo de 20 gestantes em média, previamente inscritas. Durante essas 12 semanas, as tardes de quarta-feira eram asseguradas pelas atividades oferecidas que, a princípio, mostravam-se como algo próximo a uma ajuda assistencial e educativa. O desejo de proporcionar um cuidado às gestantes e a crença de que este trabalho poderia “salvar vidas”, como elas diziam, era a mola propulsora que motivou a criação do projeto.


A equipe organizava a casa, preparava o lanche, recepcionava as meninas em suas chegadas e fazia a permanência durante a tarde, oferecendo ajuda em questões práticas e conversas informais. Além das assistentes, a cada semana, o Programa Ninho recebia um profissional especializado que se dedicava ao grupo cerca de uma ou duas horas por encontro. O objetivo era elucidar um assunto previamente agendado – os temas variavam entre direitos civis; orientação quanto à nutrição e cuidados com o corpo e com o bebê; informações médicas com relação ao parto e sobre vacinas etc. Terminado esse momento com os profissionais, as gestantes trabalhavam juntas com algumas das assistentes na confecção do enxoval para o bebê e, no final desses encontros, todos se reuniam em volta da mesa para a degustação de um lanche elaborado, especialmente com nutrientes para essa etapa da vida.


A organização de trabalho do Programa Ninho era tão cuidadosa com as necessidades específicas de uma mulher no período da gestação que, até mesmo os deslocamentos, recebiam atenção. As meninas eram trazidas por uma van – paga pelo programa – que também as levava de volta às suas residências, ao término de cada encontro. Enquanto psicanalista, eu observava eixos importantes que sustentavam esse trabalho. Percebia, ali, o desejo tanto dos profissionais quanto das gestantes que frequentavam o programa e, acima de tudo, me chamava atenção o cuidado institucional que acontecia para garantir a vinda e a permanência de cada uma delas. Cuidados esses que iam de encontro com as necessidades das mulheres e se adaptavam para oferecer um amparo e uma sustentação mínima necessária nessa fase tão importante.


O Ninho nos remete à Winnicott e seu conceito de “mãe suficientemente boa” (1975 [1951], p.25), devotada e que se adapta às necessidades do seu bebê. Ali, as gestantes eram acolhidas – não somente em suas necessidades emocionais – mas, sobretudo, nas suas necessidades reais como: alimentos, enxoval para a chegada do bebê, entre outros. Essa ajuda social não impedia que um olhar de sujeito pudesse ser direcionado às frequentadoras que eram também acolhidas em suas singularidades. Um bom exemplo disso era o fato de que todos os trabalhadores se endereçavam a elas pelo nome! Isso faz muita diferença num país onde, desde que uma mulher se descobre gestante, passa a ser tratada por “mãe”. Essa palavra tão cheia de significados rapidamente se torna impessoal e passa a ser usada de modo automático, trazendo consigo a idealização, o romantismo e a cobrança de uma naturalidade no gesto que se espera de quem traz um bebê na barriga.


Uma vez terminado o programa percebi que recebíamos, com muita frequência, a visita das gestantes com os bebês nos braços, para nos apresentar tão logo elas se tornavam mães. Esse gesto de retomada do encontro com o Ninho me remeteu a uma relação transferencial e pude perceber, ali, a potência para realizarmos mais um trabalho na instituição. Foi assim que nasceu o trabalho de Acolhimento Mães e Bebês, inspirado na minha experiência na Maison Ouverte.


Com todo o apoio da coordenadora e de sua equipe, o trabalho foi iniciado em fevereiro de 2008, com alguns ajustes para nos adaptarmos à realidade da instituição brasileira. Recebíamos as duplas mãe-filho semanalmente, às terças feiras, das 14 às 16h. O “lugar do acolhedor” foi uma preocupação primordial que fiz questão de manter, priorizando a escuta psicanalítica que operava de forma não dirigida – seguindo os passos de Dolto e a minha experiência na Maison Ouverte. Para a realização deste projeto, eu fui agraciada com a colaboração de duas colegas psicólogas, ambas com formação em psicanálise infantil. Dessa forma, nossa equipe de acolhimento foi sendo construída sem muitas dificuldades em trabalhar nesse formato.


As primeiras mães foram convidadas por nós e pela equipe do Ninho, antes de terminarem sua participação no programa. Como nosso espaço e nossos horários eram restritos, resolvemos disponibilizar o trabalho de Acolhimento Mães e Bebês para acompanhar as duplas cujos filhos se encontravam entre 0 e 1 ano de idade. Os primeiros encontros, naturalmente, se desenrolaram em torno do tema do nascimento, da experiência do parto e dos sentimentos vividos nestes momentos. As falas das mães eram retomadas diante dos bebês e, nos dirigindo a eles, podíamos explicar a cada um como haviam chegado ali.


Nessa conversação com os pequenos, eu me sentia muito à vontade e a memória das experiências vividas na Maison Ouverte surgia de forma natural, gerando risos nas mães pela forma como eu me dirigia aos bebês. A “magia” – muitas vezes descrita por Dolto quando se dirigia a um bebê – ficava explícita ali, em cada encontro. Eles sorriam, mexiam braços e pernas e, às vezes, arregalavam os olhos. As mães ficavam surpresas – não sabiam que podíam conversar com bebês. “Eles não entendem nada”, diziam incrédulas. Entretanto, se mostravam muito receptivas quando percebiam o modo como os bebês nos respondiam...


Dolto dizia que a Maison Verte era, sobretudo, um lugar de socialização e preparação para a separação – quando mulheres deveriam voltar ao trabalho e deixar seus pequenos na creche (1985, p.407). À medida que íamos construindo esse trabalho nossa preocupação também se ampliava, pois era atravessada por inúmeras questões singulares dessa população frequentadora do Programa Ninho. Culturalmente, essas mães preferiam, na sua grande maioria, não voltar ao trabalho e, mesmo as precárias condições financeiras, levariam apenas algumas delas a alterar essa escolha. Muitas eram jovens e vinham de famílias onde suas mães também eram jovens repetindo, assim, uma história familiar. Seria, então, uma herança geracional, cultural e social que as aprisionavam no sonho de “ser mãe” confundido-se com o sonho de ser adulta e ser mulher?


A maioria dessas jovens mães também não possuíam uma vida conjugal estável e voltavam para a casa da mãe ou da mãe do companheiro, após o nascimento dos bebês. Muitas viviam na solidão e no desamparo. Percebíamos na relação dessas mulheres com seus filhos uma “disponibilidade” de ser mãe que ia se estendendo até os primeiros anos de vida, se juntando à vinda de outros filhos e, assim permanecendo, no “lugar mãe” por muito tempo. Eu me perguntava como poderia introduzir algo novo ou como produzir uma abertura para essas mulheres? Quem sabe poderiam voltar a estudar ou retomar novas formas de trabalho? O que mais poderia lhes interessar para além de seus filhotes?


Um terceiro elemento era necessário e, mesmo para aquelas que tinham seus cônjuges, esse lugar não era óbvio. A colagem no “lugar mãe” acontecia quase que de maneira predominante – singularidade característica desta população frequentadora do Ninho, cujo contexto social era muito diferente daquele vivido por Françoise Dolto, na França da década de 1970. Tínhamos que nos haver com essa realidade e não impor a nossa, que seria mais uma violência para essas meninas mulheres que só queriam (ou só podiam?) ser mães aninhadas com seus filhotes.


O psicanalista inglês Donald Winnicott (1896-1971) muito se dedicou ao trabalho com mães e seus bebês em seu consultório de pediatria e toda sua obra é baseada em suas observações sobre a fase inicial da vida. Winnicott nos fala da “preocupação materna primária” (2021 [1956]) como um estado de “loucura” inicial necessário sendo que, se tudo corre bem se inicia no final da gestação indo até as primeiras semanas de vida dos bebês. Neste estado, a mãe é capaz de adaptar-se e identificar-se com ele antecipando, muitas vezes, o cuidado que ele necessita e criando, assim, momentos preciosos onde mãe e filho começam a se conhecer, inaugurando a possibilidade do encontro.


Para que esse encontro aconteça é necessário um ritmo, um ir e vir entre mãe e bebê e uma capacidade da mãe em se identificar com seu pequeno, respondendo suas necessidades que, no início, não são somente físicas, mas também psíquicas. O bebê humano é o mais dependente de todos os mamíferos – necessita de outro que o sustente, que o ampare para que sua tendência à integração possa acontecer. Winnicott nos diz que “um bebê não existe sozinho” (1979 [1957], p. 99) e aí podemos entender o quão necessário é a presença do outro primordial, sem o qual o pequeno humano não consiguirá vir a ser um sujeito. Essas trocas iniciais são marcadas por momentos de entrega e adaptabilidade do adulto cuidador, provendo o que o bebê precisa, ao mesmo tempo em que uma interação marcada por trocas sensoriais e afetivas vai deixando as marcas não verbais que serão o arcabouço da constituição psíquica do ser.


Esta fase inicial do encontro, Winnicott (1983 [1963], p.81) chamou de “dependência absoluta” e segundo o autor, nesse momento da vida, mãe e filho se confundem e ainda não existe uma noção de “si mesmo” no bebê. Num segundo momento, aos poucos, a dupla começaria a experimentar o período de “dependência relativa”, onde alguns pequenos instantes de separação começam a ser suportados. Esse processo gradual de separação deverá seguir numa direção de interdependência onde o eu do pequeno vai se consolidando. Esse seria, segundo Winnicott, um movimento esperado dentro de uma relação saudável – ou seja, uma relação na qual não há entraves para o desenvolvimento psíquico do bebê e onde a mãe e a família conseguem dar o contorno necessário, se oferecendo como “um ambiente facilitador”.


Ao observar a maioria das mães que frequentavam o programa, a colagem que percebíamos na “função mãe” se estendia na colagem “com o filho” e, o que poderia ser uma “preocupação materna primária” saudável, aparecia como único modo de se relacionar com o filho e – é claro – consigo mesmas, cristalizando um lugar de onde elas não conseguiam sair. Emaranhadas com o bebê, elas nos contavam o quão insuportável era viver o cotidiano sem o filho nos braços e o quanto esse peso era também o responsável pela inércia na vida da maioria delas.


Proporcionar a esse duo mãe-bebê um ambiente favorável – onde mãe e filho pudessem se “encontrar” de outra forma – passou a ser um grande eixo do nosso trabalho. Na prática, nossos encontros se assemelhavam em tardes onde as mães podiam repousar e apenas viver a maternidade. Muitas relatavam que aquele era o único momento da semana em que podiam estar com os filhos sem ter que se dividir com as atividades da casa. Além disso, aquele também era um dos poucos espaços onde podiam compartilhar o cotidiano vivido com o bebê, sem julgamentos.


De maneira natural, algumas dessas mães acessavam suas angústias de forma tão profunda que chegavam a chorar. Podíamos ouvi-las e oferecer um momento de apaziguamento ao mesmo tempo que acolhíamos a fala, retomando e conduzindo aos filhos, trazendo-os como sujeitos de suas próprias histórias. Ali conosco, nos endereçando também aos bebês, eles podiam começar a existir e apostávamos que, nessas pequenas brechas que iam sendo criadas, mães e filhos começavam a se ver de um modo diferente.


Com muita delicadeza para intervir “no entre”, téntavamos auxiliar essas mães a fazer a passagem da “dependência absoluta à dependência relativa” (Winncott, 1983 [1963] p. 83). Na prática, isso acontecia, por exemplo, em ajudar a mãe a colocar seu filho no berço em vez de segurá-lo no colo a tarde inteira enquanto dormia. Ao propor o berço, eu propunha também à mãe que ficasse sentada numa cadeira ao lado. Quem assegurava quem? Enquanto o bebê dormia, a mãe conversava com outras mães e, ao mesmo tempo, ao olhar o filho no berço, sentia-se um pouco impaciente e ansiosa e não acreditava que ele poderia ficar ali: “ele vai acordar, não dorme sozinho,” diziam. Nós, acolhedoras, nos posicionávamos naquele lugar, numa função de sustentação e de amparo às mães e, ao mesmo tempo, assegurando que o bebê não ficasse como objeto de depósito das angústias maternas experimentadas no processo de separação. Winnicott nos diz que a separação se faz de forma gradual e acompanhar esse passo a passo, delicado e muitas vezes sutil, era a função principal do nosso trabalho de acolhimento.


As experiências de algumas mães – como essas relatadas acima – iam encorajando outras, enquanto nós oferecíamos uma disponibilidade, uma presença humana sem muitas pretensões, mas que, aos poucos, com a continuidade dos encontros, abria um caminho para uma relação de confiança e amparo junto a elas. Alguns encontros mais tarde, nos surpeendíamos ao escutar que haviam repetido em casa isso que chamamos de “pequenos momentos de separação”: elas conseguiam, aos poucos, deixar os bebês no carrinho enquanto se dedicavam a outra atividade. Se sentiam felizes por conseguirem ver seus filhotes ficarem “sozinhos” de uma maneira tranquila e podiam, até mesmo, suportar melhor o choro em alguns momentos. Um sentimento de confiança em seu saber fazer com o filho ia se instalando, permitindo maior espontaneidade e fluidez no “ser mãe” que começavam a construir – não sozinhas e desamparadas – mas acolhidas pelo ambiente “suficientemente bom” necessário para que o cuidador possa oferecer o mesmo sentimento de conforto e segurança ao seu bebê.


Acompanhávamos, semana após semana, essas pequenas grandes etapas percorridas por cada duo. Recorrendo novamente à Winnicott, era como se exercêssemos uma função de “ego auxiliar” junto a elas. Fazíamos, então, o “holding do holding” ou a “Clínica do Holding”, como descreveu Claude Boukobza em seu belo trabalho com mães⁶. Impossível relatar aqui as muitas intervenções que pudemos desenvolver ao longo dos nossos sete anos de trabalho. A cada ano podíamos receber cerca de doze mães com seus pequenos, pois essa era nossa capacidade física máxima. Assim como na Maison Verte, nossos encontros não eram obrigatórios e podia acontecer de algumas mães faltarem ou, até mesmo, não continuarem frequentando. Tudo isso era visto como desejo – de ir e vir – e era respeitado por nós, acolhedoras.


Os três primeiros anos de trabalho no Acolhimento foram de muita aposta na construção de um espaço de ajuda à parentalidade. Os anos seguintes caminharam na direção do que havia sido consolidado, exigindo de cada uma de nós uma luta constante e necessária para enfrentar os desafios que nunca eram os mesmos. Mesmo com tanto trabalho acontecendo, não foi possível manter o funcionamento do Programa Ninho e, consequentemente, do trabalho de Acolhimento Mães e Bebês.


Em fevereiro de 2015, por razões alheias a vontade de todas nós, a instituição encerrou suas atividades. A experiência vivida em cada etapa desse trabalho – que nomeio de “Apoio à Parentalidade” – é a herança que tento transmitir nessas linhas: uma escuta psicanalítica “fora do divã” que nos mostra como a psicanálise pode se estender à comunidade.


 

¹O trabalho descrito neste texto foi apresentado no V Séminaire international transdiciplinaire sur le bébé, que aconteceu entre os dias 5 e 8 julho, em Paris, 2017.

² In: Os bebês e suas mães”

³ “A Maison Ouverte (https://lamaisonouverte.webnode.fr/) é um centro de acolhimento para crianças de 0 a 3 anos, acompanhada de um adulto de referência (pais, avós, babás etc.). Localizada na cidade de Blois, na França, ela é inspirada na Maison Verte, criada por Françoise Dolto.” (tradução livre)

⁴ Psicóloga estagiária de mestrado.

⁵ Este livro está disponível em português sob o título: “A Causa das Crianças”.

⁶ WANDERLEY, Daniele (Org.). A clínica do Holding. In: Palavras em Torno do Berço. Salvador: Ágalma, 1997.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


BENAVIDES, Florence; BOUKOBZA, Claude.; WANDERLEY, Danielle (Org.). A clínica do holding. In: Palavras em torno do berço. Salvador: Ágalma, 1997.


DOLTO, Françoise. Nous irons à la Maison Verte. In: La cause des enfants. Paris: Roberto Lafond editions, 1985.


LEDOUX, Michel. Introdução à obra de Françoise Dolto. Rio de Janeiro: Zahar,1991.


WINNICOTT, Donald. Da dependência à independência no desenvolvimento do indivíduo. In: O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artmed, 1983.


____________________ (1964). Mais idéias sobre o bebê como pessoa. In: A criança e seu mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.


____________________ (1957). Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In: O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

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